Início Efemérides Março, mês do Pai… e do filho

Março, mês do Pai… e do filho

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Para quem é pai, o mês de março reserva um dia especial. A bem dizer, é um dia especial para toda a gente, porque todos temos, naturalmente, um pai, seja ele biológico ou afectivo. Portanto, a 19 de março todos, de uma forma ou de outra, nos lembramos da homem que nos apresentou ao mundo e que nos acompanhou durante a vida.

Agora, abro um parênteses para pessoalizar mais este assunto. Faço-o porque sou pai. Dois rebentos que me fazem a cabeça em água – não terei assim tantas razões de queixa como aparenta a afirmação -, mas que são os dois seres que mais sentido dão à minha vida, por quem regulo o meu dia-a-dia. Isto são lugares comuns, transversais a todos aqueles que vivem a paternidade de forma séria e que assumem essa responsabilidade vital de deixar, através da prole, o mundo melhor do que o encontraram.

A verdade é que nunca dei muita importância ao Dia do Pai. O que não significa não dar importância ao meu pai. Também não espero que os meus filhos dêem muita importância a este dia. É uma coisa que tenho aqui entranhada: dias há muitos, e todos eles têm uma coisa em comum que é vender. Não admira, pois, que o Dia do Pai tenha a habitual vertente comercial que perverte de forma dramática todo o sentido que lhe poderíamos dar. E isso eu não quero, nem para mim, nem para os meus filhos. Não admira pois, que o meu próprio pai tenha a caixa dos postais e das lembrançazinhas completamente vazia e se contente com um telefonema de parabéns. Parênteses fechados.

Origem do dia do Pai

Como qualquer dia, também este deve ter uma história para contar. Digo “deve”, porque não é fácil descobri-la. Pelo menos eu não achei. Não é uma qualquer “wikipedia” que me contará a verdadeira história. Obviamente, andei a passear por essa internet fora e fiquei com dúvidas. A história que mais li passa-se na América do Norte, em 1909: uma senhora, Sonora Louise Dodd de nome, achou que haver um dia da mãe sem haver também o dia do pai era um bocado descabido. Vai daí, e como admirava o próprio pai que passou as passas do algarve a criar seis filhos sozinho, não descansou até que um presidente americano não oficializasse a coisa. Foi Richard Nixon que acabou por fazê-lo em 1972, dois anos antes da morte da senhora.

Esta é a versão mais disseminada. Não necessariamente a verdadeira, ou pelo menos a única. Por defeito de formação, não engulo imediatamente por fidedignas as informações que a rede virtual espalha por aí. Até porque encontrei outras.

Uma delas volta atrás mais de 4 mil anos. Esta, encontrei-a na “wikipedia” e mais alguns lados. Na antiga Babilónia, um jovem chamado Elmesu teria feito com argila o primeiro cartão – e eu a pensar que os cartões se faziam com… cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida ao pai que, por acaso, era o rei e chamava-se Nabucodonosor. Parece que esse acontecimento se transformou numa festa nacional. Aqui entre nós, não estivesse a nobreza envolvida e tudo não passaria de uma coisa normal, sem tanto foguetório.

De Espanha para Portugal

A outra história, já nos implica mais directamente. E nasceu de maneira um bocado estranha, ou não fosse o motivo a inveja que um grupo de pais tinha por haver um Dia da Mãe e a eles não lhe calhar nada. Razões nobres, sem dúvida, pelo menos aos olhos de qualquer sindicalista que se preze… Uma questão de direitos, portanto.

Isto aconteceu em 1948, com os pais dos alunos da Escola do Bairro de Belmonte, em Madrid, Espanha. Uma professora chamada Nely não se furtou e acedeu ao desejo dos homens: fez uma festa com direito à celebração da missa e tudo. Como a Nely era profundamente religiosa, decidiu que o momento ideal para celebrar o Dia do Pai devia ser o dia de São José, que era para ela um modelo de pai e chefe de família cristão e também humilde e trabalhador, celebrado no calendário litúrgico a 19 de março. A festa foi bem sucedida e o espaço que alguns meios de comunicação lhe deram, exponenciou ainda mais esse sucesso. Nos anos seguintes, o evento até teve direito a patrocínio de um magnata da zona que lançou uma inusitada campanha publicitária em larga escala. Lá está: o dinheiro tinha que ser metido ao barulho. E a verdade é que resultou e a ideia estendeu-se a toda a Península Ibérica.

Dia de ignorar o pai

E, assim de repente, lembrei-me de criar um dia para 19 de março: o dia dos que não celebram o dia do pai. Basicamente, seria aquele dia em que os meus filhos me ignorariam por completo, de todas as formas e feitios. Depois, compensariam durante o resto do ano. Boa?

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