Esta iniciativa (promovida pelo Município de Leiria, Instituto Politécnico de Leiria, entre outros) visa desenvolver um programa de atividades sobre segurança rodoviária, vocacionado sobretudo para o público infanto-juvenil ao longo da semana que decorre de 2 a 7 de maio de 2016.
A mortalidade em acidentes rodoviários é a principal causa de morte entre os jovens (18/24 anos), o que exige mobilizar a opinião pública nacional, em particular os jovens, para a segurança rodoviária, através de ações educativas.
A Junta de Freguesia de Amor associa-se à causa com um projecto inteiramente desenvolvido nas escolas do 1º ciclo. Os alunos destes estabelecimentos de ensino foram incentivados a criar desenhos ou frases chamando a atenção sobre os cuidados e comportamentos na estrada.
Quando a rua era a nossa maior brincadeira.
Em tempos (na nossa infância) brincávamos na rua, andávamos sozinhos na rua e na rua passávamos a maior parte do nosso tempo livre. Os nossos sentidos ficaram apurados com os sons que ouvíamos. A segurança rodoviária foi lá aprendida.
A todos os que têm mais de 30 anos é familiar a experiência de brincar na rua, andar de bicicleta, de jogar á bola ou às escondidas até anoitecer. De ir para a escola primária, a pé, sozinhos. E, para quem eventualmente frequentou o Colégio Dinis de Melo também o fez a pé. E felizes, deslocávamo-nos à mercearia ou dar um recado a pedido dos pais ou avós, na nossa bicicleta ou a pé.
Sim, tudo isto aconteceu de uma forma simples, natural. Muito menos trânsito nas ruas, mais pessoas adultas a circular, garantindo-nos a segurança que necessitávamos. Crescemos a ouvir o som dos carros a aproximar-se, a ouvir as recomendações dos nossos pais e avós, eles que nos despertaram os sentidos ensinando as regras de trânsito. Na escola a continuação das recomendações. Hoje a escola continua a ser o palco do ensino de regras mas, na prática, as crianças normalmente não andam sozinhas na rua, não há muitos adultos na rua, diminuiu o número de bicicletas e aumenta a cada dia o número de carros a circular e cada vez mais velozes.
Hoje não é fácil deixar uma criança circular sozinha na rua, ela precisa de ser protegida. Mas provavelmente estamos a proteger demais. Os pais vivem uma azáfama rotineira. Saem de casa de carro, transportam as crianças nas cadeiras, apertam o cinto de segurança, e no curto caminho para a escola lá vão chamando a atenção sobre as regras de trânsito. Deixam as crianças à porta da escola e seguem para o seu trabalho. Estamos a super proteger ou a dar apenas a protecção necessária?
As crianças também precisam de circular a pé, ser peões, circular de forma civilizada colocando em prática as regras de trânsito. Esta deveria ser a protecção que lhe deveríamos dar para, futuramente, se tornarem condutores responsáveis. Este processo de aprendizagem é necessário para aprender a viver com o perigo, nomeadamente com os vários perigos que a estrada oferece. Quando nos deslocamos de carro com as crianças temos o instinto de o fazer de forma segura, elas sabem qual o seu lugar. É nestes momentos que a educação rodoviária também deve ser colocada em prática: respeite os outros condutores, os peões, as regras de trânsito. Sempre que possível fale com o seu filho sobre a importância de circular de forma segura pois toda a família é um passageiro especial.
Texto por Liliana Grácio