Hoje inaugura-se mais uma nova rubrica no AmorMais onde se pretende explicar algumas curiosidades da nossa língua, tanto a escrita como a falada.
Aqui irão ser contadas algumas das histórias das palavras que usamos (ou não) no nosso dia a dia. Aqui serão explicadas algumas das regras que orientam a forma como falamos ou escrevemos.
O tema de hoje nasce de uma entre as inúmeras discussões (a propósito ou a despropósito) tidas na equipa do jornal.
O facto pode passar ao lado de muitos de nós, mas a forma como pronunciamos as palavras também tem as suas “regras” ou, pelo menos, a sua maneira mais natural. E, na língua portuguesa, existe um conjunto de palavras com uma regra de pronúncia que, para os mais incautos, pode parecer estranha.
Tomemos como exemplo o nome “Filipe”: há quem pronuncie tal como escreve e há quem pronuncie “eliminando” ou “emudecendo” o primeiro “i”, ficando qualquer coisa como “f’lipe”. De facto, independentemente dos gostos do ouvido de cada um, a tendência da oralidade vai (deve ir) no sentido de pronunciar como no segundo exemplo.
Mas, o nome que adoptámos como exemplo não é único. Bem longe disso. Outras – quase todas – palavras que integrem duas sílabas consecutivas com a letra “i”, são pronunciadas seguindo a regra: o primeiro “i” é mudo. Eis alguns exemplos: as palavras ministro, electricista, visível, piscina, visita… são naturalmente pronunciadas como “m’nistro”, “electr’cista”, “v’sível”, “p’scina”, “v’sita”… A este processo dá-se o nome de dissimilação (lá está: “d’ss’milação” ou “diss’milação”) no qual, mesmo inconscientemente, se manifesta uma tendência para distinguir (outra vez: “d’stinguir”) dois sons iguais.
Terminamos a citar o linguista Peixoto da Fonseca que afirma: “as pronúncias destas e doutras palavras, com o chamado ‘e’ mudo em vez de ‘i’, são as consideradas normais, espontâneas; com ‘i’ são afectadas, procuram artificialmente evitar a dissimilação que é antiga e muito frequente na língua portuguesa”. Ou seja, sendo também possível a pronúncia “à letra”, esta é de evitar, por não ser natural.