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Editorial (Fevereiro.2017)

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(Foto: Sílvia Góis)

Seremos nós um Trump?

Numa época onde na maioria dos países ocidentais a liberdade de expressão e os direitos humanos são tidos como certos, a eleição de alguém que parece saído de 1790 como presidente de uma das maiores potências mundiais parecia impossível.
A candidatura de Donald Trump era vista por muitos como algo caricatural, e o problema reside aí, em menosprezar um dos sentimentos que nos move com mais facilidade: o ódio.
E foi ao debruçar-me sobre este tema, e sobre as condições sociais que permitiram a sua eleição, que me questiono:
Até que ponto, somos nós diferentes de Donald Trump?

E esta pequena reflexão serve como nota introdutória para o assunto que me traz aqui hoje – O preconceito.
Acho que desde muito nova que me tentei distanciar de ideais pré-concebidos, muito graças aos valores que me foram transmitidos. Mas esta desconstrução pessoal não é nem fácil nem rápida, porque desde pequenos que somos bombardeados, directa ou indirectamente, por opiniões alheias, vazias e mesquinhas, mas que tal como a doença que são, acabam por ganhar espaço em nós e ali ficam enraizadas, qual cancro.

Quantas vezes demos por nós a julgar alguém pela maneira como estava vestido? Ou pela religião? Pela etnia? Orientação sexual? Ou até pelo género?

Por vezes um pensamento quase inofensivo, outras apenas ódio gratuito.

Temos de perceber e aceitar que a vida privada dos outros não nos diz respeito.
Que por vezes as pessoas vão ser diferentes de nós, e que o que é considerado normal é subjectivo. Que alguém não é menos habilidoso por ser uma mulher, nem mais forte por ser um homem, que há quem nasça no ‘corpo errado’ e que a cor da pele não define personalidade.
Que o que é realmente importante é o carácter da pessoa, e isso é ditado pelas suas acções e valores, não pelo país onde nasceu nem pelo que traz vestido.
O preconceito independentemente da sua forma, faz-nos regredir enquanto sociedade.
E principalmente, faz-nos regredir enquanto pessoas.
O ódio aliado ao medo e à ignorância, forma uma combinação perigosa. E temos de ser conscientes e ponderados, ou acabaremos por nos tornar um Donald Trump.
Mas deixa-me perguntar-te uma coisa, não foste também tu já víitima de preconceito?

Texto por Melissa Silva

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