Polvorizando as dificuldades
Até ao 25 de Abril de 1974, o associativismo era, no seu máximo, incipiente no concelho de Leiria. Ao contrário da Marinha Grande, a criação de movimentos desportivos ou culturais eram desaconselhados, como é fácil perceber pela difícil história que as associações de Amor, Casal dos Claros ou Casal Novo tiveram até essa data. Com a mudança de regime, explodiu o espírito de iniciativa e os jovens dos Barreiros não quiseram ficar atrás.
Ocupando um terreno que denominaram de “Campo do Pastel”, na zona dos campos do lis, perto dos Barreiros de Baixo, vários amigos começaram a jogar futebol, participando em jogos informais contra clubes vizinhos.
Atualmente, os sócios fundadores já admitem que a ocupação do campo foi feita de forma abusiva e sem a autorização dos donos. Contam ainda como iam cortando faias para o tornar maior, fazendo incursões à noite para com pólvora, rebentar com os cepos que sobravam.
Embora as condições não fossem ideais, isso não os desanimava, fazendo melhorias ao campo de areia e criando um pequeno casebre que servia de balneários com chuveiros. A água para os duches, essa vinha da vala, que passava ao lado.
Oficializar uma equipa
Desejosos de oficializar o clube (que veio a acontecer a 18 de fevereiro de 1978), pediram a ajuda e colaboração de habitantes mais experientes do lugar, para, entre reuniões em casa de Pedro Inês, definir os estatutos e puderem finalmente se inscrever nas competições da Associação de Futebol de Leiria.
Foi nessa altura, que se definiram os vários elementos representativos do clube como o emblema (onde por concurso ganhou Cláudio Serrano, com a representação das árvores e dos machados utilizados para a expansão do campo), a primeira sede – na casa ao lado da de Jaime Areia (Pai), e onde foi instalado um pequeno bar e uma mesa de ping-pong – ou até a escolha da cor do equipamento (escolhendo o azul, cor na altura neutra, por não se identificar nem com o vermelho do Benfica ou o verde do Sporting).
Em 1979 arranca a construção da nova sede, num terreno doado por Américo Lopes e Adelino Lopes. Entre as festas organizadas em agosto e as verbas enviadas por emigrantes, juntava-se o suficiente para melhorar as instalações do clube.
O lado desportivo
Na época de 1978/79 arranca a vida desportiva do clube com a 1ª participação do futebol federado de 11. Esta modalidade irá existir até à sua extinção em 1998. Pelo meio, a mudança (em 1980) de campo para o Vale da Sobreira, onde um terreno que já anteriormente tinha sido utilizado como campo de futebol, é cedido ao clube pela Junta de Freguesia.
Nas décadas de 80 e 90, várias outras atividades surgem no clube (chinquilho, atletismo, futebol 7, etc), mas será a patinagem a impulsionadora de mais uma grande mudança: a construção do pavilhão. Começou por ser praticada no 1º andar da sede, mas devido ao acanhado espaço, surgiu a necessidade de se arranjar um local mais adequado, perto do campo de futebol. No inicio dos anos 90 é construído um ringue a céu aberto, e surge o desejo da construção de um pavilhão.
Vão se dando passos para tal suceder, e no início do século, a extinção do futebol 11 e a criação da secção de futsal através de uma equipa de seniores feminina, aguda a necessidade e são lançadas as primeiras pedras do edifício que hoje existe.
O Euro 2004 vem potenciar a obra. Na reconstrução do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, o gimnodesportivo é derrubado, e a Câmara Municipal de Leiria subsidia a construção de vários pavilhões na região para fomentar a prática desportiva. Com este apoio, é finalmente aberto ao publico a 22/02/2003.
O pavilhão será a pedra fundamental para a formação de atletas, facto consolidado com a distinção de “Clube de excelência na formação de futsal” em 2009/10.
O lado recreativo
Para a população em geral, o aparecimento de uma coletividade nos anos 70 era visto com estranheza e desconfiança, assumindo que esta estaria em rota de colisão com a Igreja. A ideia de que se fosse à coletividade não iria à igreja terá custado a diluir. Assume assim o clube um papel cultural importante, quer pela organização de bailes e tertúlias, até à apresentação de peças de teatro (grupo que foi reativado décadas mais tarde), ou a abertura de uma discoteca.
Em 1973 nasce independentemente, o Rancho Folclórico Vale do Lis, que se irá fundir ao clube, e organizado sob uma secção, irá sempre manter a sua autonomia. Atualmente, para além das atuações de rancho, possui um grupo de cantares, e o seu grande dinamismo, permiti-lhe estar filiado na Federação de Folclore Português e organizar em setembro o seu próprio Festival de Folclore.