Sou a Danise, tenho 21 anos e vivo em Casal dos Claros. Viajei para Moçambique, tendo ficado hospedada perto da capital, Maputo.
Quando e quanto tempo?
Fui recentemente, de Setembro a Novembro de 2016.
Porquê?
Nos últimos anos, a par da faculdade, ocupava os meus tempos livres em alguns projetos ligados ao voluntariado com crianças. Não demorei muito até desejar querer ir até ao outro lado do mundo para presenciar aquilo que vemos em Portugal em ponto muito pequeno.
Como é sustentada uma viagem destas?
Antes de qualquer meio financeiro, acho que é preciso ter muita força de vontade e mente aberta. É preciso estar consciente do que vamos ver e, essencialmente, de como vamos ser abordados. Posto isto, ao longo dos últimos anos fui poupando dinheiro com um part-time em restauração e assim que tive oportunidade foi só conjugar com o verbo IR!
O que aconselhas a visitar ou fazer em termos culturais?
Não tive muita oportunidade de visitar pontos turísticos mas aconselho a visitar as praias, são lindíssimas, de água quente e mar azul. E sem dúvida: presenciar o melhor pôr do sol que alguma vez pode ser visto.
Maiores diferenças e semelhanças em relação a Portugal?
Não há muitas semelhanças. Não existe carne ou peixe às refeições, só em dias muito peculiares! A alimentação é feita (quando é feita) à base de “coisas” vindas da terra. Frutas exóticas, feijão, mandioca… Mas há muita partilha! Por mais fome que tivessem, quando aparecia comida eles certificavam-se que a comida chegava para todas as pessoas que estivessem à volta. Algo que reparei é que nenhum moçambicano tinha relógio.
Os Moçambicanos são… calorosos, muito afáveis, tanto entre eles como para quem recebem. Por mais que houvesse uma segunda intenção por trás, não senti qualquer atitude racista e fui mesmo várias vezes convidada a entrar no seio de uma família para partilharem comigo a pouca comida deles.
O pior e o melhor desta experiência?
O melhor era todos os dias ser presenteada com mimos, canções, aprendizagens que tirei de cada criança, sem exceção, daquele centro comunitário onde estive inserida. É algo muito gratificante.
O pior era mesmo o medo que tinha de apanhar doenças das pessoas ou mosquitos. O calor para mim também se tornava insuportável, sem falar das baratas que eram atraídas e me faziam companhia à noite ao adormecer…
Uma palavra que aprendeste?
Kanimambo, significa “Obrigada”
O que é que mudou em ti?
A minha alavancagem a situações extremistas – fome, doença e morte. Senti-me, pela primeira vez, independente e sem nenhum berço. Afinal, por pior que as coisas corressem, eu sabia que ali só podia contar comigo.