Ao convite para desenhar o AMOR MAIS, não podia dizer que não. E duas razões bastaram: ser da terra (há poucos anos, é certo, mas a assumir cada vez mais essa naturalidade) e gostar, por defeito profissional, deste tipo de desafios. Seria um projecto como que me identificaria, não havia maneira de lhe escapar.
Mas um “designer” depara-se com o eterno problema: o gosto de quem vê. Aprendemos que em cada pessoa, há um “apreciador” e que nestas coisas é impossível chegar a consensos. A opção terá sempre de ser a dele, e assumi-la. E, no mínimo, explicá-la.
Num projecto que fala de Amor-localidade, há sempre uma óbvia e inconsciente ligação ao amor-sentimento. Corações… Teve de ser esse o primeiro esforço: fugir de lugares comuns, sobretudo quando, historicamente, são tão duvidosos. O trilho teria de ser outro, a fim de criar uma identidade visual mais arrojada, diferente e simultaneamente familiar e simples. a ideia cresceu, mas teve um princípio: AMOR MAIS. Olho com “olhos de ver” e é-me apresentado um nome com muitas arestas:
Escapavam a essa agressividade as últimas letras de cada um dos elementos do binómio. Já tinha um ponto de partida e a solução passaria por aproveitar essa força subjacente que me fez contar pelo menos doze triângulos.
Pronto. estava encontrado o elemento unificador: o triângulo. Esta forma geométrica conseguia conter em si mesma a tríplice missão do AMOR MAIS: informar, formar e entreter. E ainda conseguia reforçar a inicial do binómio já que facilmente se associa a letra “A” a um triângulo de pé, a apontar para cima, para mais alto. Daí, até à primeira ideia que surge, foi um instante. Escolhe-se um tipo de letra de contorno bem definido, forte e com presença, e deu nisto:
O resultado era pouco satisfatório já que apresentada um grave desiquilíbrio entre a forma geométrica e as restantes letras. Dar-lhe um pouco mais de suavidade poderia ser uma opção.
Já estava melhor, mas ainda longe de agradar. Apesar de ter conseguido eliminar aquela rudeza e agressividade, permanecia um grande desiquilíbrio. Aqui, começa a entrar um novo elemento na história: e se, para além da tríplice missão a que nos referimos no início, juntássemos ainda um novo objectivo: sermos participantes na mudança, pôr em movimento as energias que nos envolvem? Começa uma nova possibilidade…
A ideia seria boa, se não fosse o facto de estragar tudo o que tinha construído até agora. A percepção do nome ficava mais complicada. Tinha de haver mais envolvência. Era necessário juntar a assertividade das linhas rectas com a sensibilidade das curvas. E dar-lhe cor, uma cor que aquecesse a nossa imaginação e despertasse para a acção. Assim, nasce o “clic” para que tudo comece a mexer.