A voz das cordas vocais e a “voz” que nos sai do coração
O dia mundial da voz celebra-se para alertar sobre a importância da voz e dos cuidados necessários para preservar este instrumento tão valioso a que só damos valor quando nos falta. Mas o que é a Voz? Lembra-se da primeira voz que ouviu? Certamente foi a voz da sua mãe! Nessa altura, quando ainda estava na barriga da sua mãe, ainda não era bem uma voz, eram vibrações e sons que ficaram gravados bem no fundo da memória. O certo é que criaram um elo tão forte na comunicação entre mãe e filho, que é como um farol no ruído do mundo. A voz da mãe que acalma o bebé!
A voz, desde muito cedo, tem um grande impacto na nossa vida. Ela é muito mais do que uma conjugação de sons. Com a voz conseguimos transmitir alegria, tristeza, raiva ou amor… Ela é a expressão da nossa identidade.
Quem é a sua voz? O que transmite quando fala? Comunicação não é só o conteúdo das palavras, muitas vezes depende de outros fatores. Como a voz. O tom. A forma como é tornado público. A voz pode e muda tudo. Mas que voz? Ao longo da vida, a nossa voz muda. É na adolescência que ocorre a mudança mais significativa. E é também na adolescência que iniciamos a viagem mais difícil e apaixonante de todas: a busca pela nossa “voz” interior. Sim, aquela voz que ouvimos (sem ouvir, porque não somos malucos) na nossa cabeça ou no nosso coração. Essa voz. De quem é? É nossa. É a nossa “inner”, é o nosso interior a falar connosco e a querer chegar ao mundo.
Há dias li na internet uma frase que dizia assim: “a melhor voz é aquela que não se ouve, mas que se sente”. Fiquei a pensar na mensagem desta frase… Na importância de sentirmos o que estamos a dizer, de sermos fieis aos nossos ideais. É no silêncio que encontramos essa “voz” que é a nossa essência. É no silêncio que nos conhecemos a nós próprios. Como um escritor em frente a uma página em branco à procura das palavras certas para começar o seu romance, ou o surfista à espera da onda perfeita.
Eu sou locutora de rádio e uso a minha voz todos os dias, para transmitir aos outros muitas ideias e palavras que nem sempre são minhas (quando por exemplo estou a gravar um spot para passar na televisão ou na rádio). No meu caso, preciso procurar a voz certa, o tom certo, essa procura é uma ferramenta de trabalho. Preciso das nuances da minha voz para vender melhor uma marca, ou passar uma ideia. No entanto esse trabalho não retira nada da minha personalidade, nem daquilo que sou. Apesar de conhecer bastante bem os limites da minha voz, continuo no caminho do autoconhecimento, porque acredito que cada dia é uma nova oportunidade para fazer o bem, para nos superarmos, para nos conhecermos melhor e ouvir a nossa “voz”. Dizem que uma mulher com uma voz é uma mulher com poder. Então devemos usá-lo, em nome do bem! Feliz Dia Mundial da Voz!
Sandra Ferreira, amorense e locutora na rádio M80