Tal como em 2021, o jornal AmorMais voltou a convidar os seus leitores a imaginar a freguesia num futuro próximo, sugerindo — de forma anónima — ideias, obras ou iniciativas que pudessem contribuir para a sua melhoria.
Entre abril e junho de 2021, tinham sido recebidas 191 propostas. Este ano, a participação foi significativamente mais reduzida, com pouco mais de 20 sugestões submetidas ao jornal.
Tanto há quatro anos como agora, algumas ideias surgem repetidamente, o que parece reforçar a perceção partilhada de certos problemas ou soluções — mesmo que, na prática, nem todas sejam técnica ou legalmente viáveis.
Mobilidade e segurança rodoviária
Uma das propostas mais recorrentes — embora impraticável — é a criação de uma rotunda no Largo Padre Margalhau, para melhorar a fluidez do trânsito e, sobretudo, a segurança dos peões. No entanto, o espaço limitado e o declive do terreno impedem a sua construção sem comprometer significativamente o espaço envolvente. A única forma de viabilizar a obra seria com a remoção completa da escadaria da igreja, o que transformaria o arraial num espaço dominado pela circulação automóvel. Ao longo dos anos, diferentes executivos chegaram sempre à mesma conclusão negativa quanto à viabilidade desta proposta.
Surgem ainda pedidos para a criação de ciclovias, seja ao longo de algumas ruas da freguesia, seja nas margens do Rio Lis, ou dos vários ribeiros. No entanto, estas últimas estão sujeitas a uma legislação complexa: embora legalmente transitáveis, pertencem aos proprietários dos terrenos adjacentes, o que gera confusão e conflitos quanto à limpeza e utilização. Enquanto uns proprietários se recusam a limpar por considerarem tratar-se de espaço público, outros fazem-no, mas não aceitam a circulação de terceiros.
Também há pedidos para o alcatroamento de arruamentos específicos, como a Rua do Talho (Coucinheira) ou a Rua das Lameirinhas (Barreiros), bem como sugestões de melhorias em vias fora da freguesia, como o conhecido “cruzamento da bruxa”, já em território da União de Freguesias de Marrazes e Barosa.
Nos acessos, várias propostas referem a necessidade de melhorar as ligações à EN109, nomeadamente junto à rotunda da Ortigosa ou à rotunda das Chãs.
Passeios e iluminação
A criação de mais passeios pedonais e a melhoria da iluminação pública são preocupações frequentes. A construção de passeios é da responsabilidade dos municípios e juntas, mas a iluminação está nas mãos da EDP, que determina onde e quantos candeeiros devem estar acesos. A instalação de novos pontos de luz em locais sem rede existente é particularmente difícil, e muitas vezes só possível com investimento avultado por parte da companhia — ou, em certos casos, quase impossível.
Ambiente, património e desporto
Entre as propostas mais criativas está a criação oficial de uma Rota da Água, que ligue fontes e lavadouros da freguesia, promovendo o património histórico e alertando para a importância da água e do seu ciclo — numa lógica que cruza ambiente, saúde pública e turismo.
Na área do desporto, foram sugeridas melhorias nos equipamentos junto ao cemitério da Coucinheira e a instalação de novos espaços, como um campo de basquetebol ou uma pista de skate no parque de merendas. No entanto, este último local está situado em zona florestal e de inundação, o que inviabiliza facilmente este tipo de construções, dada a legislação nacional em vigor.
Outra proposta original é a criação de um espaço de coworking, assente no número crescente de pessoas em regime de teletrabalho ou nómadas digitais que procuram locais tranquilos em zonas rurais. A ideia sugere aproveitar estruturas existentes ou subutilizadas da freguesia, com potencial de adaptação para este fim.
Habitação e planeamento
Entre as sugestões mais debatidas surge a de autorizar construção em terrenos rústicos, como resposta à crise da habitação. No entanto, essa decisão depende de alterações legais a nível nacional, sendo depois aplicadas pela Câmara Municipal. As Juntas de Freguesia apenas emitem pareceres — sem caráter vinculativo — e não têm qualquer poder deliberativo nesta matéria.
Além disso, os dados disponíveis contrariam a ideia de falta de solo disponível. Segundo os Censos de 2021, existiam na freguesia mais de 200 casas desabitadas, grande parte das quais em condições mínimas de habitabilidade. A isto somam-se mais de 100 terrenos em solo urbano onde é possível construir, e que poderiam ser usados para consolidar os aglomerados existentes.
Em termos práticos, a freguesia dispõe de potencial imediato para acolher cerca de 300 novas habitações, o que poderia significar entre 600 a 1200 novos residentes nos próximos dois a três anos — sem necessidade de novas vias, sem aumento de custos públicos e sem impacto adicional sobre o ambiente.
Apesar de muitas das propostas não dependerem diretamente da Junta de Freguesia, ou de serem de difícil execução, este exercício reforça a importância de ouvir quem vive e pensa a freguesia. Esperamos que algumas destas ideias possam inspirar as propostas dos candidatos nas próximas eleições.
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